A Violência Doméstica tem sido analisada e compreendida segundo diversas perspectivas teóricas. Com base nelas, tem-se procurado identificar os factores associados à sua emergência e manutenção, assim como proposto metodologias de intervenção aos níveis da prevenção primária; da intervenção em crise, da reparação dos danos causados e desenvolvimento de estratégias de reestruturação da vida pessoal e familiar.

 

Perspectivas Teóricas

Traduzimos aqui, grosseiramente, dois olhares sobre a violência doméstica, de acordo com duas perspectivas teóricas:

 

Violência Doméstica segundo uma Perspectiva individual

 

(Actualmente com tendência a não ser considerada cientificamente, mas ainda muito presente nos preconceitos e na avaliação feita pelo cidadão comum, relativamente às pessoas ou famílias com problema de violência doméstica).

 

Esta perspectiva defende que a violência acontece devido às características do agressor e da vítima; isto é, só acontece violência se a pessoa que agride tiver características pessoais que o tornam violento; e se a pessoa que é agredida tiver características que favoreçam a sua sujeição à violência.

Esta perspectiva teórica tem uma visão patológica da violência – tanto do agressor como da vítima - defendendo que a forma de resolver este tipo de relação obriga a tratamento individual de cada um dos elementos.

 

Violência Doméstica segundo uma Perspectiva Ecológica

 

(Actualmente considerado como o que permite uma mais completa e mais consistente abordagem da violência doméstica).

 

Segundo esta perspectiva a Violência Doméstica é entendida como resultante de diversos factores que se inter-influenciam, segundo diversos níveis:

 

Nível Individual – Atende as características individuais de cada um dos elementos da família (educação, escolaridade, maturidade, forma de gestão dos conflitos; experiências anteriores; história de vida, etc);

 

Nível das Relações Intra-Familiares – Factores relacionados com as características das relações existentes dentro da família (intra-familiares), entre os seus elementos: valores familiares, estilos de comunicação, práticas pedagógicas adoptadas em família, alianças, segredos, cultura e história familiar, condições de vida, estilos de vida familiares, etc.

 

Nível das Relações Extra-Familiares – Integra as características das relações existentes entre a família e os sistemas onde ela está inserida: Educacional, Cultural, Profissional, Económico, Judicial, Político, Religioso: Que Organização Social? Que Cultura? Que Religião? Que Legislação? Que Crenças? Que Valores Sociais? Que Igualdades ou Desigualdades entre o sexo feminino e sexo masculino; Que acesso à Justiça? Que estruturas de apoio às Vítimas de Violência? Que Grupos de Pertença? Que Oportunidades?

 

Assim, segundo o Modelo Ecológico, é a identificação dos factores presentes em cada um dos níveis atrás referidos (indivíduo, família, sociedade) e a compreensão da sua inter-influência que permite compreender a emergência da violência doméstica, a sua perpetuação e encontradas e criadas as soluções para o problema, de forma consistente.

 

 

NADA JUSTIFICA A VIOLÊNCIA